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Luísa

A Luísa nasceu na década de 20 do século passado, nas lindas terras do Douro e no seio de uma família muito, muito pobre.
Tal como a irmã mais velha que vivia com uma tia, a Luisa foi entregue aos cuidados dos avós maternos que, embora não vivessem na abundância, tinham uma situação financeira muito melhor do que os seus pais.
Segundo ela contava muitas vezes, os avós(ela portuguesa e ele espanhol da Galiza) eram um casal super feliz, com muito sentido de humor e meigos e doces que pareciam mel, qualidades que ela herdou para toda a vida.
Luisa viveu neste mundo encantado até aos 7 anos, altura em que os dois faleceram com poucos meses de intervalo.
Retornou a casa dos pais que, devido à extrema pobreza, a puseram a trabalhar como empregada doméstica(a servir como se dizia nesse tempo)na casa duma das famílias abastadas lá da terra.
No fim da semana era o pai que se encarregava de lhe ir buscar o salário(era pequena para andar com dinheiro mas não para trabalhar).
Luisa cresceu, tornou-se uma linda moçoila e era o alvo dos olhares dos rapazes da sua geração.
Um deles, filho da família mais rica da aldeia apaixonou-se loucamente por ela amor que era correspondido. Formavam um par lindíssimo, ela com 16 anos e ele um pouquinho mais velho.
Mas a família dele, ultra conservadora, não queria que o menino rico namorasse a menina pobre(antes vê-lo morto do que casado com tal rapariga, dizia a mãe) e assim tiveram que se separar.
Luisa veio trabalhar para Lisboa, não sei se com o desgosto, e ia sabendo que o moço definhava de dia para dia. Faleceu no ano seguinte.
Nessa altura a mãe dele chorava, dizia que tinha sido castigo e como seria feliz se o pudesse ver casado com tão boa mocinha. Já era tarde.
Nos trabalhos por onde passou era escravizada até mais não,como acontecia com todas as empregadas domésticas. Passou "as passas do algarve" como ela dizia.
Um dia, uma amiga de vários anos, convidou-a para madrinha do menino que acabava de nascer. O marido convidou o João de quem era também muito amigo.
No dia do baptizado e no fim da cerimónia, o padre disse que os padrinhos, durante 6 meses, não se podiam casar. Luisa ficou irritada porque eles não se conheciam.
Mas o João, bom malandreco, aproveitou para meter conversa e aproximar-se dela.
Algum tempo depois começaram a namorar e Luisa viu nele o homem da sua vida. Nunca mais deixou de o amar loucamente.
Mais tarde engravidou e foram viver juntos tendo em casa o mínimo que se possa imaginar mas, mesmo assim ela sentia-se uma mulher feliz.
Essa felicidade teve o seu ponto mais alto no dia em que nasceu a sua menina.
Nos três anos seguintes teve mais 2 filhos.
Luísa começou a perceber que o João não era o que ela pensava. Sempre na paródia, chegava a casa tarde e a más horas e, muitas vezes embriagado.
Ele vinha duma famíla onde só havia mulheres que lhe faziam tudo e o traziam na palminha das mãos. Nunca foi uma pessoa meiga nem teve um gesto carinhoso que os filhos tivessem visto em todos os anos que viveram juntos.
Mas ela continuava a amá-lo e dizia que se um dia o perdesse, nunca mais nasceria sol que a aquecesse.
Sete anos depois da 1ª filha nasceu outra menina que passou a ser o bijou da família.
Passou por um enorme susto quando, a sua filha mais velha, então com 3 anos, adoeceu gravemente, com um problema incurável segundo lhe dizia o médico da família.
Luisa virou céus e terra, gastou o que o casal tinha, pediu emprestado o que não tinha, mas a garota salvou-se embora tivesse ficado cheia de problemas para o resto da vida, que lhe vieram a causar muitos sobressaltos pois sentia-se impotente para a poder ajudar como gostaria.
Viviam todos numa casa com poucas condições e, o sonho de Luisa era ter a sua casinha, bonita e novinha como via muitas. Mas o marido nunca se mostrou muito interessado, talvez com medo de que não suportassem as despesas.
Quando a filha mais velha, sua confidente e amiga chegou aos 20 anos e, porque tinha já o seu emprego, foram as 2 à procura de casa mesmo contra vontade do João.
Encontraram, trataram de tudo e, na véspera da mudança deram-lhe a chave para poder entrar em casa no dia seguinte.
Tinha sido sempre assim. Se Luisa não tivesse um feitio forte que foi impondo em certas ocasiões, não haveria nada que se comprasse para aquela casa mesmo que fosse muito necessário.
Finalmente e depois de uma vida de trabalho e alguns desgostos, a Luisa conseguiu realizar o seu sonho. Mudaram-se em Fevereiro de 1969.
Mas o sonho durou pouco. Uns dias antes do Natal desse ano, Luisa foi às compras com a filha mais nova e uma pequenita que morava no mesmo prédio. Ela adorava crianças. Quando saía com os 4 filhos levava sempre mais alguns, e, quando eles cresciam passava a ser sua confidente. Os amigos dos filhos adoravam-na.
Nesse dia foi atropelada e nunca mais voltou à sua casinha nova.
Faleceu no dia 26 de Dezembro falando nos filhos e no marido, com apenas 47 anos de idade.

Em homenagem à melhor mãe do mundo. A minha.

Olá Com,

Como vai essa saúde, melhor?

Penso que o meu problema deve ser semelhante ao seu, pois também tinha "pedra" como dizemos aqui.

Depois da cirúrgia fiquei óptima.
E sim, sei como são horríveis essas dores.

As melhoras e um beijinho grande.

Meiguinha, gostei de ver esta história no seu blog!
Continua que está ficando cada vez melhor e, acho que Luisa gostria muito deste post! bjk. da ursa.

Melguinha (eu sei, meiguinha, mas acostumei-me com este nome :)), cada vez que passo por aqui encontro uma história que me faz parar. Fico presa até à última linha. Escreve muito bem, mesmo. Beijos espero que esteja melhor de saúde.

Estou aqui há pelo menos dois minutos a pensar no que hei-de escrever...

O meu coração manda-me deixar um beso e um sorriso.

Onde estiver, hoje Luísa sorriu...
Beijinhos, boa semana!

Olá Melguinha!

É uma grande escritora viu!

Olha não sei se ja te falanram isso mais, você é uma pessoa incrível de uma coração enorme e que ter, amigos como vc é raro,vc é muito presiosa!!!

Ah! Amei tudo que escreveu sobre Lúisa saudades!
Bjos.

Oie, Melguinha!!! Vim deixar flores perfumadas para alegrar mais ainda seu blog! Saudades! “A nossa maior riqueza é a nossa mente: com ela podemos tudo!” Beijos no coração.;)

Temos escritora... Sim senhora...
Adorei...

Beijinhos

Olá Com,

Gostei muito das suas flores perfumadas e das suas palavras de apoio.
Obrigada.

E essa saúde como vai?
Melhorou?

Muitos beijinhos.

Uma história triste.
E cheia de momentos tristes.
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