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Mulher de coragem - 2

No último post falei-vos duma mulher - Alice - que teve a coragem de terminar com a vida.

Hoje, e porque ontem a encontrei ao sair de casa, vou contar-vos a história de Elisa, e sua coragem de se manter ainda por cá.

A Elisa nasceu e cresceu num bairro de barracas e teve sempre falta de tudo.
A mais só teve maus tratos e muitos irmãos.

Pouco estudou porque os pais necessitavam do seu salário que ganhava embrulhando rebuçados ou como empregada doméstica.

Desde garota que se perdeu de amores por aquele que ainda hoje é seu marido.
Ele, miúdo também, gostava muito dela e faziam um parzinho apaixonado que dava gosto ver.

Depois de casados começaram a chegar os filhos, muitos para quem tinha tão poucos rendimentos e um alojamento sem condições.
A Elisa só não engravidava quando estava grávida e quando saía com os seus bebés da maternidade, despedia-se com um "até para o ano".

Um dia ouvi uma pessoa muito querida, perguntar-lhe porque se estava a encher de filhos quando não tinha uma vida capaz para lhes dar.
Elisa respondeu que o marido era muito amigo dela.
Confesso que nunca percebi a lógica da resposta e sempre pensei que ali havia uma boa dose de irresponsabilidade da parte dos dois.

Entretanto, e ao fim de cá estarem 9 crianças, alguém conseguiu pôr um bocadinho de juízo na cabeça da Elisa que começou(e não mais deixou) a fazer contracepção.
Hoje arrepende-se amargamente de não ter feito tal coisa muitos anos antes.

Como o ordenado do marido não podia chegar para tudo, sempre me lembro de a ver a pedir ajuda a todos os que moravam à sua volta.
Sei que se deitava muitas noites sem se alimentar e a chorar pela vida que tinha escolhido.

Às vezes parece que miséria atrai miséria e, os filhos criados naquele ambiente, foram crescendo com fome e vícios.

Durante um tempo soube que a Elisa andava melhor de vida e fiquei muito contente.
Os miúdos tinham começado a trabalhar o que permitia algum desafogo.

Só que o trabalho deles não era bem um emprego.
Como muitos jovens tinham entrado no maldito mundo da droga.

Elisa viu passar pela prisão 5 dos seus 9 filhos e chegou a ter 3 na cadeia ao mesmo tempo.
Era vê-la a correr de um lado para outro para conseguir estar um bocadinho com cada um deles, cheia de sacos de roupa lavada e algum mimo que tinha podido comprar.

Foram anos e anos nesta vida ingrata aliada à miséria que voltou aquela casa.
Voltou a mendigar aqui e ali, a pedir emprestado(quando chega ao fim do mês paga o que deve e fica logo sem dinheiro) a ir a consultas médicas porque já tem bastantes problemas de saúde e depois não ter maneira de comprar os medicamentos, etc.,etc..

Entretanto, com a demolição do bairro, deram-lhe uma casa nova mas onde continua a faltar tudo.

Ontem vi-a. Um palito, cansada porque tinha percorrido a pé uma enorme distância e hà três dias que não fazia comida em casa. Vinha pedir ajuda a um dos filhos.

Fiquei doente por não a poder ajudar como ela necessitava e, pelo caminho fui pensando como é que esta mulher ainda tem coragem de se manter viva.

Melguinha faz bem em nos dar a conhecer suas histórias... Menina tb escreve bem...

Apesar de triste estou a gostar de ler...

adorei a historia. beijo da sobriha italiana (l´aparato)

Eu não disse? tem mesmo que nos contar muitas histórias destas, para alimentar o blog e ele crescer frte e bonito!
Beijinhos

Meiguinha, acho que vai acabar escrevendo histórias de mulheres. Continua que está muito bom e termina por ser um apanhado de questões femininas de uma época!
Quem sabe tens alguma história feliz ou engraçada?

Como já escrevi em minha imaginação, Alice não terminou com a vida mas com aquela vida! E começou um novinha em folha, muito mais feliz!

estou esperndo a próxima! bj. de ursa

Olá COM,

Tem andado tão desaparecida, será que continua doente?

Como já lhe tinha dito, espero que não seja nada de grave.

Mas, quando puder, dê notícias, está bem?

As melhoras(se for caso disso) e muitos beijinhos.

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